Livros *----* O Chamado Radical

Título: O Chamado Radical
Autora: Braulia Inês Ribeiro
Páginas: 176
Editora: Ultimato
Avaliação: 5/5

Essa foi mais uma indicação do clube do livro que participo. Eu já havia lido alguns livros sobre missões e evangelização, inclusive, no clube do livro já foram indicados livros nesta temática. Mas, esta foi a primeira vez que li um livro que abordasse missões cujo alvo são os povos indígenas do Brasil.

O ponto mais apaixonante do livro é a forma como a JOCUM, o ministério do qual Braulia faz parte, trata os indígenas, respeitando sua cultura e tradições. Eles não estão preocupados em "civilizar" os índios, mas simplesmente em lhes apresentar Jesus, traduzir a bíblia para sua língua nativa e ensinar os princípios do amor e da graça. Claro que algumas tribos possuem hábitos danosos que precisam ser deixados, por exemplo: havia uma tribo em que as pessoas possuíam o costume de cometer suicídio quando começavam a perder a disposição e beleza da juventude; Nesse ponto, a JOCUM busca sim gerar uma mudança, mas eles não estão preocupados em fazer os índios usarem roupas, por exemplo.

"As vezes nos trancamos dentro das quatro paredes da igreja e esquecemos que o cristianismo foi antes de tudo uma revolução - cultural, social e moral. Quando Jesus pregava, ele não estava pregando algo corriqueiro, comum, ou usando apelos marqueteiros que contavam com o egoísmo natural dos ouvintes para obter resultados. Ele pregava a subversão total dos valores da sociedade judaica da época."

Fui muito surpreendida com a diversidade do nosso país, a quantidade de tribos que temos é enorme, e mesmo que muitas delas sejam pequenas, cada uma possui sua própria tradição, costumes e até língua. A escrita da Braulia é ótima, ele consegue envolver o leitor na narrativa mesmo que esteja contando histórias curtas sobre as missões que participou ou de pessoas que conheceu durante seu ministério. Braulia nos apresenta pessoas dispostas a viverem uma vida completamente devotas à causa missionária, pessoas cheias do que ela chama de radicalismo do amor, um radicalismo que salva vidas. Assim, ela nos chama a olhar para a verdadeira mensagem da bíblia.

"Quando falamos da radicalidade da obediência a Cristo, estamos falando do radicalismo do amor. Amar os povos e a Cristo, que os criou, até o fim. Amar batendo mosquito nas pernas até que as picadas se tornem feridas; amar, carregando os filhos nas costas para atravessar florestas debaixo de água, para passar apenas algumas semanas com os amigos de outra cultura que estão no caminho de descobrir a Deus [...]"

Vemos que Deus está nesta empreitada, pois a forma como tudo acontece revela o cuidado e zelo de Deus para com seus servos. E, como Deus age até através dos momentos de privação como quando um grupo de missionários chegou até a tribo Paumari no fim de suas provisões, e a dependência que eles tiveram dos índios foi algo que Deus usou soberanamente para trabalhar a auto estima daquela tribo. É claro que nem sempre as coisas davam certo, as vezes eles perdiam pessoas ou tribos, e eram nesses momentos em que eles precisavam se chegar mais à Deus e confiar que Ele está no controle de todas as coisas. Por último, vou deixar com vocês meu quote favorito do livro. Esse pequeno trecho se trata da história de uma missionária brasileira que estava na Tailândia e acolheu uma jovem  que estava caída na sarjeta com marcas de violência pelo corpo. Ela cuidou da jovem e tentou lhe contar num inglês difícil, pois nenhuma das duas falava muito bem o idioma, sobre o amor de Deus descrito em João 3:16. Então no meio da noite, a jovem tailandesa acordou a brasileira sacudindo seus ombros.

"-Eu entendi, eu entendi!
- O quê? Como? Perguntou a brasileira, apavorada, começando a achar que não devia ter trazido a moça para dentro de casa.
- Deus me amou de tal maneira que mandou você para que eu pudesse crer!
O evangelho é isso. Uma pessoa. Você."

 
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