Cheiro de livro novo: Origem

Título: Origem
Autor: Dan Brown
Páginas: 427
Editora: Arqueiro
Série: Robert Langdon #5
Anterior: Inferno
Avaliação: 5/5

Eu amo os livros do Dan Brown e quando soube que ele lançaria mais uma aventura de Robert Langdon, já fiquei ansiosa para realizar a leitura. Porém, sabia que seria um livro grande e que eu iria querer devorar, então precisava não estar enrolada com vários afazeres para engrenar na leitura. Portanto, foi ótimo aguardar o momento certo, apesar de ter comprado o livro há cerca de um ano.

"Para criar o caos de modo eficiente, percebeu Langdon, é necessário um pouco de ordem."


Robert Langdon retorna em mais uma corrida contra o tempo, dessa vez na Espanha. O professor americano de Simbologia acaba de chegar ao museu de arte moderna de Bilbao, pronto para assistir a apresentação do ex-aluno e amigo Edmond Kirsch.

Edmond é um famoso futurólogo, conhecido mundialmente por suas previsões sempre corretas e incríveis invenções tecnológicas. É um jovem brilhante e bilionário, que montou a apresentação da noite com a promessa de revelar sua maior descoberta, capaz de revolucionar a ciência e derrubar as crenças religiosas de todo o mundo. Afirma ter encontrado respostas para as duas perguntas que sempre mexeram com o imaginário da humanidade: de onde viemos e para onde vamos?

"— Estamos num momento singular da história — continuou Edmond. — Um tempo em que o mundo parece ter virado de cabeça para baixo, e nada é exatamente como imaginávamos. Mas a incerteza é sempre a precursora da mudança radical; a transformação é sempre precedida pela revolta e pelo medo. Peço que tenham fé na capacidade humana para a criatividade e o amor, porque essas duas forças, quando combinadas, têm o poder de iluminar as trevas."

A apresentação foi incrivelmente bem planejada e não apenas os seletos convidados, mas também o mundo inteiro, que está recebendo a transmissão ao vivo, estão curiosos para conhecer a grande revelação. Porém, perto do clímax, o inesperado acontece: Edmond é baleado na frente de todos e sua descoberta fica por um triz de ser perdida para sempre.

É aí que a caçada começa. Tudo que Robert precisa é encontrar a senha de 47 dígitos de Kirsch, que ativará seus servidores escondidos e iniciará a transmissão da gravação com a grande notícia, que, por sorte, já estava pronta. Ainda há esperança para que o mundo saiba as respostas.

"— Professor — disse ele com um risinho —, Edmond Kirsch não é o primeiro ateu da história a proclamar que 'Deus está morto', nem será o último. O que quer que o Sr. Kirsch tenha descoberto, sem dúvida será debatido por todos os lados. Desde o início dos tempos, o intelecto humano sempre evoluiu, e meu papel não é impedir essa evolução. Mas, segundo minha perspectiva, nunca houve um avanço intelectual que não incluísse Deus."

Junto com Ambra Vidal, a linda e inteligente diretora do museu, que tornara-se próxima a Edmond, Langdon parte rumo a Barcelona, visitando pontos turísticos e encontrando obras de arte que podem ser a chave para solucionar essa situação. Enquanto isso, os dois estão na mira da polícia espanhola, do Palácio Real e de um assassino à solta, que deseja silenciar o achado do futurólogo.

"— Às vezes só é preciso mudar a perspectiva para enxergar a verdade de outra pessoa."


Robert Langdon é um personagem fascinante, extremamente inteligente e com uma memória fantástica. Mas se tem algo que me intriga nele, é o fato de sempre agir como se nunca tivesse passado por uma situação dessas antes. Parece que ele esquece o que vivenciou nas histórias anteriores! Haha Ambra Vidal é uma mulher forte, independente, bonita e inteligente, que fisgou o coração do príncipe da Espanha, mas não tem muita certeza do que quer no futuro. Eu gostei bastante da personagem. Langdon sempre está acompanhado de mulheres maravilhosas e que somam muito nas suas aventuras. Edmond é genial e, apesar de sua raiva contra a religião, pude ver que era uma pessoa boa e seus ideais eram muito mais bonitos do que consigo visualizar em nosso mundo. Devo comentar também sobre Winston, sua criação mais incrível. Eu o adorei, mas ele também nos faz refletir sobre muitas coisas.

"(...) Sei que essa descoberta vai questionar algumas crenças religiosas fundamentais, mas se há uma coisa que aprendi em toda a minha longa vida é que a  sempre sobrevive, mesmo diante de grandes dificuldades. Ainda que as revelações de Kirsch venham a público, acredito que a fé vai sobreviver a isso também."

O enredo é bem típico do Dan Brown, só ele consegue fazer algo assim. É adrenalina o tempo inteiro e fiquei chocada quando percebi que o livro todo narra somente uma noite. A leitura consegue ser dinâmica mesmo nas partes em que descreve estruturas arquitetônicas, obras de arte ou fatos científicos. Em nenhum momento senti que ela era cansativa ou arrastada, apesar de ser um livro repleto de detalhes. Eu adoro o jeito como ele consegue inserir ficção na realidade e fazer o leitor pensar o quanto daquilo é real ou não. Fiquei empolgada em conhecer um pouco sobre a Espanha também, é um país que sei bem pouco da história. Nem mesmo lembrava que lá ainda mantinham uma monarquia!

O livro é narrado em terceira pessoa, mas nem de longe isso é algo que nos torna mais distantes dos personagens. É ótimo porque troca o ponto de vista o tempo inteiro e o leitor consegue acompanhar os acontecimentos de diversas partes da história, bem como o pensamento de todos os personagens, não só do protagonista. Mesmo assim, consegue manter o mistério de quem é o assassino e qual é a descoberta de Kirsch até os últimos capítulos. Ficamos o tempo todo duvidando dos personagens e procurando justificativas para suas atitudes.

"— Memento mori — sussurrou o monarca. — Lembre-se da morte. Até para os que detêm grande poder, a vida é breve. Só existe um modo de triunfar sobre a morte: tornando nossa vida uma obra-prima. Devemos aproveitar cada oportunidade de demonstrar gentileza e amar plenamente. (...) Sua consciência será seu guia. Quando a vida estiver escura, deixe seu coração mostrar o caminho."

A diagramação é bem semelhante aos anteriores, com fontes simples e confortáveis. As folhas são amareladas e os capítulos não se iniciam em páginas separadas, são contínuos. Isto me deixa um pouco incomodada, parece meio desorganizado, mas todos os livros do Dan Brown seguem esse estilo. Assim como os outros, em certos momentos nos deparamos com imagens e símbolos que são descritos no texto, o que é melhor do que só imaginar o que estão falando. A capa é bem simples e, apesar de ter sua justificativa no texto, achei um pouco sem graça. rs 



Origem pode não ter sido o melhor livro do Dan Brown que já li (ainda considero Inferno o melhor de todos), mas sem dúvida é um livro excelente e que traz reflexões muito pertinentes, sobre fé, religião e, principalmente, o avanço tecnológico e até onde isso pode nos afetar quanto espécie. A inteligência artificial já é muito presente e desenvolve-se de forma exponencial. Até que ponto pode ser benéfica ou não é sempre um assunto que deve ser avaliado com cautela. Adorei a forma como o autor, novamente, abordou temas de extrema relevância para nossa sociedade. Confesso que a grande descoberta de Kirsch não foi exatamente a surpresa espantosa que eu esperava, mas com certeza foi capaz de me fazer refletir sobre várias coisas. Então, recomendo muito a leitura, não apenas desse livro, mas de todos do autor. 😉


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