Leitura Coletiva Cinderelas: Resenha Parte #2

Boa noite!! Essa é a nossa última publicação da Leitura Coletiva da Antologia Cinderelas e eu espero que vocês tenham gostado de tudo o que nós trouxemos nas últimas semanas sobre esta coletânea de contos tão maravilhosa. O livro já está disponível para compra no site da editora, e, inclusive, está com frete grátis! Aproveite! Hoje trago para vocês minhas impressões sobre os contos da segunda metade do livro, são 11 contos.
 

 Em PARA SEMPRE, NUNCA MAIS de Olivia Rebeca conhecemos a historia de Joanna e entendemos a importância de denunciar a violência ou a tentativa de violência. Afinal, quantos (as) mais poderão ser vitimas daquela pessoa, caso ela não seja detida? Essa é a pergunta a ser feita. Joana havia saído com seus amigos e resolveu passar em casa para trocar de sapato antes de ir lanchar com eles. Porém, ao chegar em casa, ela se depara com Vitor, amigo de seu irmão, sozinho em sua casa.

Em LEIA-ME de Amanda Castejon conhecemos uma jovem que vive um relacionamento abusivo, mas não consegue perceber esta realidade. Ela não enxerga que os altos e baixos que vive em seu relacionamento não são normais. Na verdade, ela não se sente merecedora de amor, do amor de um homem que a traí, fere com palavras cruéis e a torna refém de uma relação que lhe faz mal. Vemos com muitas vezes o óbvio deixa de ser óbvio para quem está vivendo aquela realidade. Até porque, as vezes a violência é mais sutil, ela vem através de palavras e pressões psicológicas, mas isso não a faz menos danosa. Além disso, fiquei encantada em saber da existência de um grupo que encontra mulheres que vivem relacionamentos com este e se empenham em ajudá-las a enxergar esta realidade e a deixá-la.

NO FUNDO DO MAR de Vanessa Nunes foi um conto que me deixou um tanto impactada. É fato que situações como estas existem, mas as vezes nos esquecemos do quanto as pessoas podem ser cruéis. Após a morte de seus pais, Alice foi adotada por Hans. Porém, ele a vende em troca de dinheiro.. Como eu gostaria de que esse tipo de situação existisse apenas na ficção, pensar que relatos como estes são reais me enchem de revolta. É injusto, é repugnante.

Em À DERIVA de Ana Carolina Coelho encontramos uma mulher que não consegue ser feliz, ela cuida das crianças, da casa, do marido e parece não haver tempo para mais nada. O casamento não é exatamente como ela imaginava e ela se sente sobrecarregada. Seu marido a ajuda, mas parece que ainda há tanto a ser feito e ela se afunda em solidão e tristeza. Um conto que retrata muitas vidas, vemos a crença de que o trabalho da casa é da mulher e o marido deve trazer apenas o dinheiro. Se ele ajuda em qualquer tarefa da casa, isso já o torna perfeito, enquanto a mulher se esvai em um serviço que nunca tem fim.

Em TREMELUZ de Camila Lobo conhecemos Nádia, ela tinha um relacionamento desde seus 14 anos de idade, há oito anos atrás. O pedido de casamento ainda não havia chegado mas ela acreditava que o sentimento entre eles era real, afinal eles já até moravam juntos. Apesar da insistência das famílias, eles não pretendiam ter um filho tão cedo, mas, aconteceu. Entretanto, o que Nádia não poderia imaginar era que ele a abandonaria. Uma pessoa com quem ela compartilhava a vida há oito anos, deixou a ela e a sua filha simplesmente porque não queria ter um filho naquele momento, achou que a filha atrapalharia os seus planos.  É uma vergonha uma atitude dessa!

A MAÇÃ ENVENENADA de Thaís Medeiros nos conta a história de uma jovem chamada Betina. Ela sempre foi uma menina certinha, cada uma de suas atitudes era calculada para agradar seu pai, mas seus esforços nunca foram o suficiente, porque ela nasceu mulher, apesar dele querer um filho, um herdeiro homem. E, quando ela decide sair um pouquinho da encenação em que a sua vida se tornou, tudo dá errado, mas não por culpa dela. Mais uma vez ela é usada, sem respeito à sua vontade ou à qualquer outra coisa. Gostei muito deste conto, adorei a forma como a autora o estruturou e como ela mencionou os contos de fadas para falar sobre a sina da protagonista.

Confesso que achei o conto A CANÇÃO DE ESTHER, de R. Haygert, um pouco confuso. Inclusive, eu precisei lê-lo uma segunda vez. Em um primeiro momento, eu não havia entendido se a narradora estava morta ou não. Talvez eu não tenha lido com a devida atenção da primeira vez, por favor, me avise se isso também aconteceu com você. Mas a história de Esther é muito triste e infelizmente ainda acontece com frequência, afinal quantas vezes é o estuprador quem é defendido pelas pessoas, quando era a vítima quem deveria estar nesta posição? É com isto que Esther precisa lidar.

No conto NÃO POSSO SER MELHOR DO QUE VOCÊ? de Gabrielle Sasse, Isabella é uma jovem universitária muito inteligente, mas ao questionar seu professor sobre a resposta de uma questão, começou a perceber certa animosidade por parte dele. Ele começou implicando com ela durante as aulas, corrigiu a sua prova com muito mais rigor que as provas dos demais alunos e até chegou a agredi-la! Este foi um conto que me deixou muito revoltada, a agressão foi o cúmulo, mas esta questão da prova é algo que pode existir facilmente no meio acadêmico e não é fácil de reverter junto à coordenação ou algo do tipo, principalmente se estivermos falando de uma universidade pública. É uma situação que passa uma sensação terrível de impotência e injustiça.

TALVEZ de Katerine Grinaldi foi um conto que me surpreendeu pela sua originalidade. Através de suas palavras, Katerine reforça a certeza de que a violência não é culpa da vítima. O estupro não pode ser justificado pela roupa da vítima ou alguma atitude dela, a culpa é sempre do agressor. E, a vítima é a primeira pessoa que precisa entender esta verdade.

Em 1% de Alexia Road, Ana é abusada pelo marido de sua amiga, um homem casado, pai de três filhos. Ela nunca poderia imaginar que ele seria capaz de algo assim e ela ainda teve de lidar com a descrença nos olhos de sua amiga, que a considerou responsável pela bagunça que a acusação de Ana causou em sua vida. 1% foi um verdadeiro choque de realidade. Como pode a estatística de condenações por estupro ser tão pequena no Brasil?!

O conto FERIDAS DO PASSADO, de Patricia Maiolini, foi um dos maiores contos da antologia, senão o maior conto. Vanessa é uma jovem de 24 anos, que perdeu sua adolescência quando passou a ser abusada por seu primo. Foram tempos difíceis, que ela ainda não superou completamente, mas chegou a hora de tratar este passado para que ele não continue afetando o seu futuro. Uma história que traz esperança de cura e mudanças.

Estes foram os onze últimos contos da Antologia. Gostaria de agradecer à Editora Sinna pela oportunidade de conhecer essa coletânea e ter contato com a escrita de autoras tão talentosas. O tema deste livro é importantíssimo, inclusive se você tem uma amiga que está entrando em um relacionamento tóxico, esse pode ser um bom presente para abrir os olhos dela. É um livro muito necessário, porque mais do que um entretenimento, ele traz informação. Está mais do que recomendado!
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