Cheiro de livro novo: Pseudônimo Mr. Queen

Título: Pseudônimo Mr. Queen
Autora: Loraine Pivatto
Páginas: 404
Publicação Independente (edição para divulgação)


Recebi esse livro através do Book Tour organizado pela autora para divulgá-lo. Ela entrou em contato comigo no Skoob, pouco depois de falar com a Isabela também, por isso nossas resenhas foram tão próximas. Se ainda não leu, pode ler a resenha da Isabela clicando aqui.

"O ser humano sempre cometerá erros, alguns mais outros menos, e não acho que esse tipo de punição olho por olho dente por dente melhore a vida de ninguém. Só vai aumentar o estresse, isso sim."

Todo mundo conhece a profecia Maia que dizia que o mundo iria acabar em 21 de dezembro de 2012, certo? Nós sabemos que ela não era real, mas e se tivesse se cumprido? Já pensaram no que aconteceria?
Regina Brandão é presidente de uma grande empresa, mas não é feliz. Mantendo um casamento sem futuro com um homem que não a ama, no dia do seu aniversário descobre que ele a trai com a melhor amiga. E quando chega ao ponto de cometer uma loucura, tudo acaba.

"(...) a felicidade que tanto buscava, o aconchego, a proteção, a paz e o amor, não poderia encontrar em ninguém, a não ser dentro dela mesma. (...) Tinha que relaxar e entender também que a vida não seria sempre como ela queria e que as pessoas não agiriam como ela pretendia que agissem. Suas expectativas seriam frustradas, decepções ocorreriam e também diferenças de gostos e opiniões. Uns simplesmente iriam embora, indiferentes à sua vontade de compartilhar o seu tempo com eles. E quanto a isso não havia o que fazer, apenas aceitar. Aceitar e compreender que o tempo curaria tudo, sempre."

Ela acorda em uma grande quadra, após ter estranhos sonhos sobre o fim do mundo. Nesse novo mundo em que ela e os outros sobreviventes se encontram, não existiriam diferenças entre as pessoas, não haveria dinheiro, todos teriam os mesmos direitos e deveres, e, principalmente, não existiriam doenças fatais nem mortes prematuras; todos, sem exceção, teriam duas vidas: uma até os 70 anos, e outra dos 20 até os 100. E as regras estabelecidas não poderiam ser quebradas.

"O que ainda não estava nada claro era por que ela tinha sobrevivido. Se realmente um novo mundo mais justo e igualitário estivesse surgindo, era de se esperar que os sobreviventes fossem escolhidos a dedo, por seus méritos e benfeitorias, ou ao menos por seus potenciais a serem utilizados para o bem comum, mas... Ela? O que tinha a oferecer? Como poderia ter sido premiada, após todos os erros cometidos?"

Mas Regina percebe que sonhou com algo que os outros não sonharam. Todos acham que é impossível morrer, mas ela sabe que há apenas uma forma, e que isso deve ser um segredo guardado de todos. Ela logo faz amizade com a jovem Lúcia, e descobre que ela pode ver coisas que ninguém mais pode, objetos do mundo antigo e do próximo. Mais um segredo que essas duas amigas inseparáveis devem portar.
Com o passar dos anos, a vida se estabelece e as pessoas vivem felizes nesse mundo. Regina tem uma neta, Larissa, e Lúcia um filho, Cristiano, que tornam-se muito amigos, juntamente com Cecília, Paulinho e Júnior. E essa amizade de infância dos cinco tem um desenrolar maior nessa história do que aparenta.

"Para o velho tudo era uma questão de competição, interesse, vaidade e orgulho. Não existiam sentimentos genuinamente bons e as pessoas em nada haviam melhorado após a catástrofe de dezembro de 2012. Aqueles indivíduos que se davam tanta importância não passavam de idiotas narcisistas, sedentos por reconhecimento, que não compreendiam a sua óbvia insignificância."

Depois de tantos anos, as pessoas já não conseguem mais viver sem que possam destacar-se das outras, e um método de avaliação através de pontuações é inventado, o que começa a segregar a população. Além disso, pessoas desaparecem misteriosamente e isso desperta a curiosidade para saber o que acontece, por que algumas voltam e outras não, e se há alguma forma de morrer. O segredo de Regina e Lúcia fica cada vez mais perto de ser revelado e elas precisam tomar muito cuidado.

"Desde que se entendia por gente, Vitória, assim como qualquer pessoa, tinha sido preparada para a morte. O único fato da vida absolutamente incontestável e inegociável. As horas, minutos e segundos eram respeitados com absoluta precisão, o que tornava a morte a única condição humana completamente justa e igualitária. Não importava o que fizessem, todas as pessoas tinham exatamente os mesmos setenta anos para usufruir. Nem um segundo a mais. A morte era imparcial e pontualíssima."

A história é narrada em terceira pessoa e diversos pontos de vista são explorados durante todo o livro. Ele é dividido em três partes, cada uma com uma personagem principal: Regina, Larissa e Vitória, três gerações de mulheres Brandão. Regina é a primeira protagonista. Após o fim do mundo, descobre em si uma mulher totalmente diferente do que era: forte, independente e decidida. Assim, usa essa nova chance na vida para ser realmente feliz. Larissa é sua neta adotiva, uma garota boa, inteligente e cheia de personalidade quando jovem, mas que depois de adulta perde sua impulsividade e aceita uma vida regular. Vitória é a filha de Larissa, uma menina rebelde, de personalidade instável, o oposto da mãe. Outros personagens também têm destaque na história, e os pontos de vista vão se revesando durante os capítulos. Por serem muitos, às vezes eu ficava um pouco confusa, mas a autora sempre fazia questão de nos situar em todos os casos.
O tempo passa rápido demais, afinal acompanhamos várias gerações, o que também contribuiu para me deixar perdida em alguns momentos. Os saltos temporais não são anunciados, então eu demorava um pouco para assimilar que tinham se passado, sei lá, 20 anos, e ficava me perguntando se não aconteceu algo que eu deveria saber nesse meio tempo. Apesar de confundir um pouco, a passagem do tempo não interfere no desenrolar da história e no final tudo se encaixa.

"— Pô, as regras são tão simples, cara. A vida é para ser tão simples, apenas cumprir com os nossos deveres e usufruir dos nossos direitos, sem passar por cima dos direitos dos outros, mas ainda assim tem gente que não entende."

O que não me deixou muito satisfeita com o enredo é que a sinopse me passou uma ideia completamente diferente do que esperar. Muitas das perguntas que eu tive não foram respondidas, como: por que aqueles sobreviventes foram escolhidos? Como eles foram parar naquele novo mundo? Por que tiveram aqueles sonhos? Quem inventou essas novas regras e agia para que não fossem quebradas? Como funcionava esse lance da pessoa voltar jovem na segunda vida? Entre outras questões. A autora apenas criou um mundo de um jeito misterioso e nos fez aceitar que era assim que as coisas funcionavam e pronto, e eu não gosto disso. Gosto quando tem uma explicação para o que está acontecendo. Mas as questões que ela mesma levantou ao longo do livro foram devidamente respondidas, o que me agradou mais.
Uma coisa interessante é que a autora, dentro da sociedade aparentemente perfeita que criou, faz diversas críticas à personalidade humana, aos governos, às redes sociais, etc; análises que se encaixam muito bem na forma como vivemos atualmente e nos fazem refletir em como os causadores de tantos problemas somos nós mesmos.
Sobre a diagramação, a autora fez a edição de forma independente para o book tour, e achei muito boa. Só a capa que não achei muito representativa.
Apesar de alguns detalhes que me incomodaram, achei a história muito bem montada e recomendo. Se tiver interesse em ler, entre em contato com a autora, acredito que ela ainda esteja aceitando inscrições para o BT. ^^



Book Trailer:

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