Livros *----* A Garota no Trem

Título: A Garota No Trem
Autora: Paula Hawkins
Páginas: 378
Editora: Record
Avaliação: 4/5

A Garota no Trem foi um livro que fez muito sucesso na época do seu lançamento, até porque depois tivemos a adaptação para o cinema. Eu já estava animada para lê-lo antes mesmo de saber que ele se tornaria um longa, mas demorei tanto para fazer isso que acabei assistindo ao filme primeiro. E, no fim, o filme se tornou um incentivo para eu finalmente começar a leitura.

Rachel é uma mulher alcoólatra e amarga, ela perdeu o emprego em Londres e vive de aluguel com uma colega da faculdade, mas, mesmo assim, continua a pegar o trem diariamente para a cidade grande. Ela passa pela sua antiga casa todos os dias, bem como pela casa da mulher que ela acredita viver a vida perfeita. Jess, como ela a chama, é uma mulher muito bonita e é casada com um homem que parece ser muito carinhoso e amoroso e, ocasionalmente, eles podem ser vistos juntos pela janela do trem. O marido de Rachel a deixou por uma mulher do trabalho e agora possui uma filhinha linda, mas ela ainda não conseguiu superar a separação.  

"De vazio, eu entendo. Começo a achar que não há nada a se fazer para preenchê-lo. Foi o que percebi com as sessões de terapia: os buracos na sua vida são permanentes. É preciso crescer ao redor deles, como raízes de árvore ao redor do concreto; você se molda a partir das lacunas."

Rachel viu a bebida lhe destruir mas não tem forças para realizar qualquer mudança em sua vida, ela apenas finge que está tudo okay, aceita a culpa por estar do jeito que está (até quando ela não é a verdadeira culpada) e reconhece sua situação miserável. Inclusive, se auto deprecia com comentários e pensamentos negativos que apenas a afundam ainda mais em sua desgraça, ela precisa de ajuda, ajuda médica e psicológica. Anna, a nova mulher de Tom, se sentia como se estivesse vivendo um conto de fadas, ela havia sido escolhida por Tom e o fruto desse amor veio através de sua filha, algo que Rachel não deu a ele. Entretanto, aos poucos sua pequena ilusão começa a desmoronar e ela sofre com a constante presença de Rachel em sua vida, seja através de telefonemas ou de aparições da mulher. 

"Não sei. Não sei onde foi parar aquela força, não me lembro do momento em que a perdi. Acho que, com o passar do tempo, ela foi se dissipando, pouco a pouco, pela vida, pelo fardo de vivê-la."

Até que, um dia a polícia chega até a casa de Rachel porque a mulher, que ela chama de Jess, desapareceu exatamente em um dia que Rachel perambulava bêbada pela vizinhança. É assim que ela descobre que o nome verdadeiro de Jess é Megan. Acontece que Anna e Megan são bastante parecidas e a polícia imaginou que Rachel poderia ter atacado Megan achando se tratar da atual esposa de seu ex-marido. Entretanto, Rachel não consegue se lembrar do que aconteceu naquela noite, ela só sabe que chegou em casa cheia de hematomas espalhados pelo corpo e que pouco antes havia visto Jess pela janela do trem em um situação um tanto surpreendente. Megan é uma mulher instável e confusa, ela muitas vezes parecia não saber o que queria fazer ou ser, marcada pelo passado, ela não conseguia ser verdadeiramente feliz.

"Nunca entendi como as pessoas podem negligenciar com tanta frieza os danos que causam ao seguir o que manda o coração. Quem foi que disse que fazer o que manda o coração é uma coisa boa? É puro egocentrismo, um egoísmo de querer ter tudo. "

O livro se passa através do ponto de vista dessas três mulheres, cada uma com uma linha do tempo diferente, por isso é importante se atentar ao nome e as datas descritas no inicio de cada capítulo ou você pode se confundir. O início é um pouco arrastado e demora a engrenar. Porém, logo as três narrativas se encontram e podemos ver o quadro completo do que aconteceu. Nunca havia lido uma história sob um ponto de vista tão singular, como o de uma alcoólatra, e foi uma experiencia interessante, apesar de um pouco triste. É assustador como algo que a princípio oferece algum tipo de conforto ou coragem à pessoa que o ingere, rapidamente se torna um problema a mais para se desculpar. Mas, além do alcoolismo, o enredo abrange temas como maternidade, depressão e violência doméstica. Não foi o melhor thriller psicológico que eu já li, mas a leitura me agradou bastante, principalmente por abordar temas cotidianos. E, o que mais me prendeu à história nem foi desvendar a forma como se deu o sumiço de Megan propriamente dito, mas descobrir quem eram essas três mulheres e como elas iriam lidar com tudo o que estava acontecendo em suas vidas.

"—O comportamento que você está descrevendo... ler seus e-mails, revirar seu histórico de navegação... você fala como se fosse comum, como se fosse normal. Não é, Megan. Não é normal invadir a privacidade de alguém nesse grau. Muitas vezes isso é visto como uma forma de abuso emocional."
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