Título: Medidas Desesperadas
Autor: David Morrell
Páginas: 410
Editora: Rocco
Avaliação: 2/5
Comprei esse livro há muitos anos em um estande do Projeto Mais Leitura. Para vocês verem, eu nem lembro por quanto tempo ele ficou parado na minha estante. Tem uns três anos que eu coloco na minha meta de leitura, mas vou empurrando, acabo desistindo e jogando pro ano seguinte. Mas dessa vez foi diferente! Olhei para 2020 e falei "desse ano não passa!". E olha... Quase me arrependi de insistir tanto. Comecei a lê-lo em agosto e arrastei tanto a leitura que precisei largar um tempo, ler outro livro, e depois tentar terminar. Foi um livro que eu quase abandonei, mas como não gosto de fazer isso, persisti até o final.
Matt Pittman está totalmente desiludido com sua existência. Depois que seu filho morreu de câncer, seu casamento chegou ao fim e ele permaneceu sem perspectiva, somente pensando que não valia a pena viver em um mundo que seu filho não poderia mais aproveitar. Portanto, decidiu pôr um fim na própria vida.
No entanto, Matt não aceita suicidar-se sem resolver cada uma das pendências que possui, então começa a se organizar para pagar todas as suas dívidas, sejam financeiras ou favores. Ele quer abandonar a vida como uma pessoa direita e completamente livre.
"(...) A questão é que me matar não seria um desperdício. Minha vida não vale nada. (...) Não suporto continuar vivendo no mundo em que as coisas chegaram a tamanho desiquilíbrio. Não me conformo em viver num mundo em que tudo que vejo é algo que Jeremy jamais verá."
E então, no dia em que está resolvido a ir até o fim, pega a arma que comprou especialmente para a ocasião e avalia a situação. Já preparado, com a arma na boca, escuta o telefone tocar. Quando atende, ouve a voz de seu chefe, editor do jornal onde trabalha escrevendo obituários. Ele precisa que Matt escreva algo especial, o obituário de um dos grandes conselheiros, Jonathan Millgate.
"— (...) Para um homem decidido a se suicidar, o senhor tem um talento notável para a sobrevivência."
Millgate é um dos cinco diplomatas mais influentes dos Estados Unidos, que passaram por gerações de presidentes, participando diretamente de decisões que favoreceram as compras de armas e a manutenção de guerras. Agora que está no leito de morte, Matt deve aproveitar a oportunidade para entrevistá-lo e tirar a limpo alguns assuntos pendentes desde quando trabalhava como repórter.
Entretanto, Matt acaba presenciando o sequestro de Millgate, sendo em seguida acusado de assassinato. Isso o coloca na mira dos sequestradores e da polícia, o que o faz ver a vida de outra forma enquanto luta para descobrir a verdade.
"(...) Me lembro de pensar como era fácil para a gente rica começar guerras quando seus filhos não tinham que lutar. Mais tarde (...), me dei conta de outra coisa — os ricos ficam ainda mais ricos por causa das guerras que fomentaram. Foi por isso que me tornei jornalista. Para não dar trégua aos canalhas."
Sinceramente, essa foi a minha pior leitura do ano passado. As justificativas do personagem não me convenceram. Por que diabos uma pessoa que tem tanta certeza de que quer morrer não se deixa matar de uma vez? Eu não consegui entender de jeito nenhum o que o motivava a continuar correndo tanto risco e investigando. Ele não tinha nada a ver com a politicagem dos EUA, afinal de contas! Matt não é uma pessoa cativante e era incrível como ele sempre conhecia alguém, da época em que era repórter, que conseguiria exatamente o que ele precisava, ou que o ensinou uma coisa extremamente útil (e olha que nem estou reclamando da memória incrível dele aqui, hein!). Eu entendo o que o fez desistir da vida e para por aí. Tudo que vem depois, para mim, pareceu muito forçado. Eu não sei se os conselheiros são realmente pessoas que existiram, ou foi tudo criação do autor, até porque conheço quase nada da história política dos EUA, mas muito do que eles fizeram não me desceu. E não estou falando só dos fatos históricos e políticos que Matt vai revelando. E o romance que começa a surgir no final... Eu gostei muito da personagem, mas achei forçado também.
"— Os jornais criaram uma teoria de que você estava tão transtornado pela dor que tinha ímpetos homicidas, que queria levar outras pessoas com você. Mas depois de tê-lo observado durante uma semana na unidade de tratamento intensivo, eu sabia que você era uma alma tão gentil que seria incapaz de fazer mal a quem quer que fosse. Não deliberadamente. Talvez a si mesmo. Mas não a qualquer pessoa."
Foi um enredo que para mim não teve lógica. Não vi sentido no protagonista ter se envolvido naquilo e nada me fazia entender porque ele continuava. Por mais que muitas vezes ele parasse para se justificar, só me fazia concluir o capítulo, fechar o livro e revirar os olhos. Os livros de fantasia que eu leio me convencem muito mais de sua veracidade do que esse foi capaz.
A narrativa é toda em terceira pessoa, o que geralmente não é um problema para mim, mas dessa vez contribuiu mais para que eu não me conectasse ao personagem. Ainda mais que o livro é escrito numa linguagem meio rebuscada, mais antiga, não sei como explicar direito, mas a forma da escrita também me incomodou durante a leitura.
A diagramação é bem simples, a fonte usada é confortável. Encontrei poucos erros de revisão durante a leitura. A capa não é nem um pouco atrativa, mas é a edição de um livro relativamente antigo, então não posso exigir muito.
"— (...) Não conheci ninguém mais solitário do que você. Por que continuaria sobrevivendo se não houvesse nada que justificasse a vida, ninguém a quem se dedicar?"
Para concluir, eu não gosto de dizer que não recomendo um livro, até porque acredito que cada leitor deva tirar suas próprias conclusões sobre a história, e porque cada indivíduo absorve o enredo de uma forma diferente. Então não é porque eu não gostei, que você não irá gostar, já que se um autor faz sucesso pelo mundo tem que significar alguma coisa. Porém, definitivamente, esse não é um livro que eu vou indicar quando alguém me pedir uma dica de mistério.
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