Livros *----* O Peregrino

Título: O Peregrino
Autor: John Bunyan
Páginas: 438
Editora: Mundo Cristão
Avaliação: 4/5


O Peregrino é um livro clássico da literatura cristã, escrito em 1678, que até hoje é muito vendido e difundido entre o meio religioso. Existem até algumas adaptações cinematográficas. Entretanto, eu nunca havia me interessado o suficiente pelo livro para lê-lo até que ele foi indicado pelo clube do livro em que participo e foi uma leitura maravilhosa. É incrível como uma obra tão antiga pode se manter tão atual e trazer tantas reflexões a nós, quatro séculos após sua publicação. 

Cristão começa a sua peregrinação após conhecer Evangelista e começar a ler a bíblia. Ele percebe que se continuar a viver a vida a que está acostumado e a morar na cidade da Destruição, seu fim será a condenação eterna. Além disso, seus pecados tem sido uma grande tormento para a sua alma e ele anseia poder se livrar do fardo que eles causam em sua vida. Mas a caminhada que ele se propõe a seguir é longa e grandes são as tribulações que encontrará pelo caminho. As pessoas que Cristão encontra durante a sua jornada representam pecados, práticas e tipos de pessoas ditas cristãs, como Tagarela, Preguiça, Hipocrisia, Misericórdia, Fiel, etc. E, com eles, Cristão trava diversos diálogos muito ricos.

"— Bem, lá espero ver bem vivo aquele que, morto, vi pendurado na cruz; e ali espero livrar-me de todas essas coisas que até hoje estão em mim e que me aborrecem. Lá, dizem, não existe morte, e lá viverei com a companhia que mais me agrada. Para dizer bem a verdade, só posso mesmo amá-lo, pois foi ele quem me aliviou o fardo. Estou cansado da enfermidade que trago dentro de mim; prefiro estar onde não morrerei mais, ao lado daqueles que continuamente bradam: 'Santo, Santo, Santo'."

Mesmo o livro sendo bem antigo, não tive qualquer dificuldade com a linguagem, pois a edição que li foi reformulada de forma a não causar problemas a um leitor do século XXI. Porém, há alguns comentários do autor no início e no final do livro e, nessas partes, a editora optou por deixar a linguagem mais próxima ao original. Eu confesso que fiquei bastante receosa do livro inteiro estar escrito daquela maneira e muito aliviada quando percebi que esse não era o caso. Porque sinceramente, não sei se conseguiria finalizar a leitura se fosse assim. De uma forma ou de outra, essa não é uma leitura para ser feita muito rápida e nem é umas daquelas que nos prende do início ao fim, nos deixando super curiosos para concluir a história. É um livro que tem muito conteúdo (mesmo que não seja tão extenso), ele é denso. Portanto, é uma leitura que deve ser feita calmamente, de forma a refletir e assimilar tudo o que está sendo ilustrado.

"OBSTINADO — Que coisas são essas que você procura e pelas quais abandona o mundo todo?
CRISTÃO — Busco uma ' herança que jamais poderá perecer, macular-se ou perder o seu valor ' (1Pe 1:4), e ela está guardada no céu, em segurança, para ser distribuída no tempo devido àqueles que a perseguirem com zelo."

Além disso, O Peregrino possui muitas referências bíblicas. Mas, leitores que tenham um maior conhecimento bíblico provavelmente também irão reconhecer outros versículos e histórias bíblicas retratadas nas aventuras e falas dos personagens, além das passagens com referências. As vezes eu me sentia como se o livro fosse uma verdadeira montagem ainda que bastante sutil e muito inteligente de diversas narrativas e versos bíblicos. A principal mensagem do livro é o plano da salvação de Deus, como precisamos urgente de sua graça e misericórdia para sermos livres do pecado e como a vida cristã deve ser uma jornada de constante busca por Deus e pela Sua palavra, mas não falo apenas sobre conhecimento e sim sobre atitudes e vida prática.

"Pois assim como o corpo sem a alma não passa de carcaça morta, também o falar vazio não passa de carcaça sem vida. A alma da religião é a prática: “A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo” (Tg 1:27)."
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