Cheiro de livro novo: Legend

Título: Legend - A Verdade Se Tornará Lenda #1
Autora: Marie Lu
Páginas: 253
Editora: Rocco
Série: Legend
Próximo: Prodigy
Avaliação: 5/5

Boa tarde, queridos leitores! Fazia tempo que eu não lia uma distopia. Pedi um livro emprestado para uma amiga e ela me trouxe esse. Confesso que nem sabia do que se tratava a série, apesar de lembrar de já ter visto essa capa por aí. Nunca tinha me interessado muito, porque sempre vi como mais uma das distopias modinhas e a que eu queria ler mesmo era Jogos Vorazes (que não li até hoje. Me julguem). Enrolei bastante para resolver lê-lo, mas, como não era meu, uma hora tinha que pegar. E me surpreendi muito quando comecei! Agora estou louca pelo segundo! haha

"— Porque cada dia significa novas vinte e quatro horas. Cada dia quer dizer que tudo é possível de novo. Você pode aproveitar cada instante, pode morrer num instante, e tudo se resume a um dia após o outro. (...) E aí você tenta caminhar sob a luz."


Day tem apenas 15 anos e é o criminoso mais procurado da República. Ele é extremamente inteligente e ágil, o que torna todas as tentativas de o capturarem ineficazes. Até porque ninguém sabe qual é sua real aparência, então consegue se misturar com a população da região pobre facilmente. June Iparis é o prodígio da República. Ela foi a única pessoa a conseguir a pontuação máxima na Prova, que é aplicada para as crianças ao completarem 10 anos, e que determina qual será sua função na sociedade. Quem tem as melhores pontuações, quem possui os "melhores genes", vai para a faculdade para tornar-se membro da força militar, o principal serviço da República. June tem muito orgulho de sua inteligência e suas habilidades, e sabe que tem um futuro promissor, ainda mais sendo a única a entrar tão jovem na universidade e estar quase saindo com apenas 15 anos.

"Antes eu ficava fascinada pela sua lenda, por todas as histórias que ouvi antes de conhecê-lo. (...) Sua voz pode me fazer esquecer tudo sobre os detalhes que me percorrem a mente, trazendo com ela emoções de desejo ou de medo, às vezes até de raiva, mas sempre provocando alguma coisa em mim. Alguma coisa que eu nunca senti antes."

Duas pessoas tão diferentes, que tiveram vidas completamente opostas, mas que no fundo possuem muitas semelhanças. Poderiam jamais se conhecer, mas o destino tinha outros planos. Em uma de suas missões, Metias, o irmão mais velho de June, é assassinado. E o principal suspeito é Day, que tinha invadido o Hospital que Metias tinha sido designado para supervisionar. Mas, como sempre, ele conseguiu escapar impune.

"— Poucas pessoas matam pelas razões certas, June. A maioria faz isso pelas razões erradas. Só espero que você nunca se encontre em alguma dessas categorias."


Sendo assim, June, a melhor aluna do país, é solicitada para rastrear e capturar Day. Ela tem motivos mais do que suficientes para querer que ele seja punido. E talvez ela seja a única com habilidades capazes de superar as de Day, para enfim acabar com as tentativas frustradas de encontrá-lo.

E é nessa situação que suas vidas irão se cruzar. Ambos são astutos, hábeis, extremamente observadores e com pensamentos rápidos. Terão que jogar um com o outro até que um dos dois vença. June tem a vantagem do poder militar ao seu lado, mas Day tem um conhecimento de segredos que ninguém imagina, além da sagacidade que a vida nas ruas lhe deu. O quanto um poderá ser influenciado pelo outro, nem eles mesmos sabem.

"Meus pensamentos vagueiam até June. Sacudo a cabeça, surpreso ao recordar como permiti me abrir tanto com ela. Eu me pergunto o que ela estará fazendo agora, em que estará pensando. Talvez em mim. Gostaria que ela estivesse aqui. De alguma forma, sempre me sinto melhor com ela. É como se June pudesse se solidarizar completamente com meus pensamentos e me ajudasse a afastá-los. Sinto-me confortado ao olhar para seu rosto tão bonito."

Day e June são protagonistas carismáticos e gostei deles logo de cara. Possuem características quase iguais, o que os diferencia é a vida que tiveram. June sempre fez parte da elite, é adaptada à vida militar, e gosta de ser o prodígio da República. Ela é mais organizada e lógica. Já Day cresceu nos setores pobres, foi reprovado na Prova e desde então tenta sobreviver sozinho nas ruas, já que sua família não pode saber que está vivo, mas também tem orgulho da fama que alcançou. Ele é divertido e mais impulsivo, mas sua fraqueza é a família. Eles são jovens, mas são maduros para a pouca idade, principalmente pela forma como tiveram que crescer. Apesar disso, também é possível ver algumas atitudes que condizem com a adolescência. São personagens fáceis de se apegar e aceitar. Os secundários também tem o seu brilho, apesar do pouco destaque. Tess, a menina que acompanha Day, é fofa e, apesar de parecer frágil, também tem suas habilidades. Metias, nas poucas páginas em que aparece, já foi capaz de me conquistar e me deixar de coração partido com sua morte. Thomas, o amigo de Metias com quem June tem mais intimidade, é misterioso e obediente. E a Comandante Jameson é autoritária e irritante. Cada um deles tem um papel importante no desenrolar da história.


"— É estranho estar aqui com você. Eu mal o conheço... mas às vezes parece que somos a mesma pessoa, nascida em dois mundos diferentes."

O enredo me conquistou rapidamente. Eu não tenho o hábito de ler distopias, apesar de gostar, mas elas costumam prender muito minha atenção e essa não me decepcionou em nada. A história foi bem construída e quando as peças foram se encaixando, fui ficando ainda mais fascinada. O romance não é o foco principal e isso é muito bom, mesmo que eu estivesse esperando pelo momento em que ele despertaria. Na minha opinião, apesar de ter ocorrido um pouco rápido, foi fofa a forma como as coisas se desenrolaram entre Day e June, mesmo que em um primeiro momento o que falasse mais alto fosse a atração física.

Apesar da história ser ótima, senti falta de um pouco mais de explicações. Acredito que minhas dúvidas deverão ser solucionadas nos próximos volumes, mas eu sempre fico curiosa para saber, principalmente, o que aconteceu com o resto do mundo. Sério, parece que só os Estados Unidos existem nessas histórias. O resto do mundo também sofreu como lá? Também tem governos como lá? Ou continua tudo igual? Espero que pelo menos uma parte dessas perguntas seja respondida.

"(...) Estamos fazendo a coisa certa ao seguir as ordens que nos dão? Será verdade que a República é que está certa?"

Detalhes do início dos capítulos e borda das páginas
A narrativa é em primeira pessoa e os capítulos se revezam: um pelo ponto de vista do Day, outro pelo da June. Isso nos ajuda a entender bem o que cada um está sentindo no momento e a conhecer melhor suas histórias. A escrita da autora é gostosa e envolvente, viciante, o que contribui para uma leitura super rápida, juntamente com o fato do livro ser pequeno. As coisas acontecem de forma ágil, mas sem deixar a desejar.

A diagramação e revisão estão excelentes. Não lembro de ter notado erros durante a leitura. As fontes, que são diferentes para cada narrador, estão em bom tamanho e as páginas são amareladas. Todas as páginas possuem detalhes na borda, como se fossem envelhecidas ou queimadas. A capa é simples e rígida, com o símbolo da República. Combina com a história, mas não é das mais criativas nem muito atrativa.

Por fim, se você curte distopias, acredito que também irá gostar bastante dessa. Ela tem o essencial para uma boa história: muita ação, um governo autoritário e com muitos segredos, protagonistas fortes e independentes, uma pitada de romance e bastante mistério. Marie Lu não tem pena dos seus personagens e a violência crua ainda me incomoda um pouco, mas faz parte da realidade. Esse livro me surpreendeu bastante e o final me deixou satisfeita e fechou um ciclo da história perfeitamente. Agora aguardo ansiosa pelo próximo, para descobrir mais sobre esse mundo! 😍

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